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Turistas retirados do Parque da Gorongosa devido aos ataques da Renamo
Um grupo de turistas foi retirado pelas autoridades moçambicanas do Parque Nacional da Gorongosa, a 130 quilómetros da cidade da Beira, devido a três ataques da Renamo, na região, que causaram, sexta-feira, dois mortos e dois feridos, elevando para 15 o número de vítimas mortais desde Abril, em operações atribuídas à Renamo.. Uma vaga de receio abala o país, em paz desde 1992 e alguns líderes religiosos ofereceram-se já como mediadores.
Afonso Dhlakama, líder da Renamo tem o seu quartel-general no Parque da Gorongosa, de onde durantes anos lidero a guerrilha contra a Frelimo até ser assinado um acordo de paz em 1992.
Finda a guerra, o Parque Nacional da Gorongosa recuperou a sua fauna (leões, palancas, hipopótamos), nomeadamente algumas das suas espécies únicas como o camaleão pigmeu.
A Fundação Carr/Gorongosa Restoration Project, uma organização norte-americana não lucrativa, associou-se ao Governo de Moçambique para proteger e restaurar do Parque e para desenvolver uma indústria de ecoturismo, em benefício das comunidades locais
O Acampamento de Safaris do Chitengo, criado em 1941 mas encerrado em 1983 devido à guerra reabriu em 1995, sendo procurado por centenas de turistas.
Mas, no ano passado, o líder da Renamo voltou a instalar-se na Gorongosa, depois de ter afirmado em Nampula que impediria a realização de eleições autárquicas deste ano, e as legislativas e presidenciais de 2014, caso a Frelimo não aceitasse “rever o pacote eleitoral”.
. Este ano foram marcadas eleições autárquicas para 20 de Novembro mas Afonso Dhlakama anunciou que a Renamo não concorreria.
Em Abril, a Renamo atacou um posto policial em Muxúnguè, de que resultou a morte de quatro polícias e um homem seu
Atacou também uma viatura civil matando os dois passageiros e um autocarro privado, ferindo duas mulheres.
Descritos como incidentes, os casos quase caíram no esquecimento quando, após vários adiamentos, no final de Maio, a Frelimo e a Renamo se sentaram à mesa das negociações, exigindo os oposicionistas paridade numérica com o partido governamental já nas eleições autárquicas.
As conversações arrastam-se e os moçambicanos acabaram por esquecer os seus receios.
Mas, no princípio desta semana, foi atacado o paiol de Savane, na Província de Sofala, registando-se seis mortos e três feridos entre soldados governamentais., para além do roubo de diverso armamento, ali chegado recentemente, O Presidente Guebuza, a realizar uma “Presidência Aberta e Inclusiva”, na Província do Niassa, responsabilizou a Renamo mas esta não assumiu a autoria da operação.
O receio do regresso à guerra reacendeu-se por todo o país mas, quinta-feira, agravou-se ainda mais, quando, numa conferência de imprensa na sede da Renamo em Maputo, o brigadeiro Jerónimo Malagueta, chefe de departamento de comunicação da Renamo, anunciou que, o seu partido paralisaria o país a partir de quinta-feira, impedindo a circulação de viaturas e comboios ao longo da linha férrea de Sena, na zona centro, usada pelas multinacionais Vale e Rio Tinto para escoarem o carvão da Província de Tete. Como justificação, o militar acusou o Governo de se estar a preparar para atacar a sua base na Gorongosa.
Sexta-feira de manhã, no troço entre o rio Save e Muxúnguè, na província de Sofala, a Renamo desencadeou três ataques , contra um autocarro de passageiros e dois camiões, em que morreram duas pessoas e outras duas ficaram feridas.
Imediatamente, militares e polícias passaram a escoltar todas as viaturas para “garantir a segurança de pessoas e bens, pois a economia não pode parar”, segundo uma autoridade local.
Poucas horas depois, o brigadeiro Jerónimo Malagueta, era detido em Maputo.
Enquanto nas redes sociais se multiplicavam as críticas a Afonso Dhlakama e ao Presidente Guebuza, dirigentes religiosos citados pelo “Diário de Moçambique” - D. Dinis Sengulane, da Igreja Anglicana, D.Dinis Matsolo, bispo da Igreja Metodista Unida de Moçambique e Cássimo David, chefe da comunidade muçulmana de Maputo - apelavam ao diálogo e ofereciam-se como mediadores, se necessário.