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Situação de Nuno Dala congrega activistas e ONG em Portugal e Angola

Situação de Nuno Dala congrega activistas e ONG em Portugal e Angola


A greve de fome do professor universitário Nuno Dala pode estar prestes a terminar. Mas o seu caso, e, de forma mais vasta, o “Processo dos 17” condenados no final de março, continua a configurar-se como um elemento mobilizador e congregador de activistas e ONG angolanas e portuguesas, bem como associações e partidos políticos. E de pressão sobre as autoridades.

Segundo fonte ouvida pelo Africa Monitor, Dala, cujo estado de saúde era considerado débil na terça-feira, ao fim de mais de um mês de greve de fome, estará disposto a terminar a greve de fome, na sequência de diversas iniciativas individuais e de associações, a par de uma visita de deputados da UNITA.

De acordo com a mesma fonte. o Ministro do Interior, prometeu que será levado hoje a Clinica Girassol, para fazer uma série de exames. “Vamos ver se cumprem”, adianta.

Para esta tarde, em Lisboa, está marcada uma concentração no Largo Jean Monet, em frente do edifício sede da Comissão Europeia, com participação de Amnistia Internacional e diversas ONG. Os activistas aproveitarão para lembrar a situação dos activistas detidos em Cabinda, Marcos Mavungo e Arão Tempo.

Nas suas últimas declarações, Dala afirmou que parte dos bens cuja restituição exigia foram entregues à sua irmã. "De acordo com aquilo que é o conjunto das minhas exigências que me levaram a fazer a greve, o meu nível de satisfação não é total, é parcial", disse, assegurando estar a ser bem tratado na prisão.

"A anulação da greve de fome depende de as autoridades devolverem o dinheiro e os bens culturais, das autoridades garantirem que efetivamente doravante aqueles obstáculos que me foram impostos abusivamente impossibilitando-me de ter acesso, ou por procuração ou de uma forma legalmente prevista, às minhas contas, porque antes da prisão tinha vários empregos e por esta forma me sustentava e à minha família".

Segundo o Briefing Africa Monitor de hoje (para assinantes), o Processo dos 17 e, mais recentemente o caso de Dala, configuram "num importante foco de pressão interna e externa sobre o regime, institucional, mediática e pontencialmente diplomática". "Coloca também pressão sobre as autoridades portuguesas para tomarem posição, foco de possíveis atritos na relação com Angola".

É intensa actividade nas redes sociais, em torno de artigos de media sobre Dala e fotografias do seu estado, alegadamente tiradas por elementos dos serviços prisionais em forma de “denúncia”.

"As autoridades empenharam-se activamente nos últimos dias em encontrar uma solução para estado de saúde de N Dala, dado como quase terminal no início da semana", adianta o Briefing AM.

De acordo com o último relatório da Economist Intelligence Unit, apesar da hegemonia do MPLA na sociedade angolana, “é claro que JE Santos e o seu governo estão extremamente perturbados por este pequeno grupo de activistas e o que eles representam".

"A abordagem de mão-pesada do governo pode, contudo, ser um tiro pela culatra, provocando novas tensões e encorajando ações retaliatórias de outros grupos de franja, como ex-soldados com baixas pensões e funcionários públicos com salários em atraso”, refere a EIU.