Acesso Livre
A Semana em Palavras 6
1. Contrapartidas: Impostas por Washington na formação de fuzileiros moçambicanos, como reportamos no AM Intelligence desta semana. Se os insurgentes de Cabo Delgado estão na mira dos mercenários da Dyck Advisory Group (DAG), estes passaram a estar na mira de ONGs (Amnistia Internacional, entre outras) devido ao vazio legal em que operam e às vítimas civis do conflito. Para os "padrinhos" moçambicanos da DAG, podem revelar-se medidas indigestas.
2. Chegada: De Joaquim Rivas Mangrasse ao cargo de chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), substituindo o malogrado Eugénio Mussa - em quem o presidente Filipe Nyusi depositava esperanças para colocar ordem no atabalhoado esforço de contra-insurgência em Cabo Delgado. Dois oficiais com perfis muito diferentes, como relatamos no AM Intelligence (para breve um perfil aprofundado de Mangrasse).
3. Silêncio: De 11 meses, sem que saiba do paradeiro do jornalista Ibraimo Mbaruco. "Perturbador", diz a Rede Moçambicana de Defensores dos Direitos Humanos (AQUI). Mais um "mistério" a juntar à longa lista de desaparecidos dos últimos anos?
4. Recuo: De liberdades em Moçambique, segundo Freedom House (AQUI). Explicada, em parte (mas não só), pela violência armada em Cabo Delgado. Na próxima semana o "think tank" de liberdades e direitos divulga os relatórios de Angola e Guiné-Bissau.
5. Desconforto: Com o "aperto" a que o MPLA tem estado a ser sujeito pela crise, a estender-se aos serviços de informações e, em particular, à sua face mais visível, Fernando Miala, conforme relatamos no AM Intelligence desta semana. O Congresso do MPLA - em que o candidato presidencial do MPLA será escolhido - a aproximar-se e as "famílias" do partido (ainda) distantes. Difícil equilíbrio para João Lourenço - e para os que, como Miala, têm estado ao seu lado - entre parecer que o combate à corrupção ainda "mexe" e não agravar as tensões internas no regime.
6. Volatilidade: O Banco Africano de Desenvolvimento divulgou previsões bastante optimistas para o crescimento económico no continente em 2021. Todos os países africanos lusófonos deverão crescer este ano, Angola mais do que 3%. Desde que as previsões saíram, o petróleo caiu de perto de 70 dólares para 60. Evidência de que as estimativas de crescimento do PIB em 2021 poderão ter níveis de fiabilidade próximos da cartomância.
7. Regresso: De José Maria Neves ao palco político, como candidato presidencial, para frente-a-frente com outro ex-primeiro ministro, Carlos Veiga. Um embate que se adivinhava há muito. Hoje, começa a campanha de vacinação no país. E do seu sucesso dependerá em muito o resultado do MpD nas legislativas de Abril - e de candidatos apoiados pelo partido nas presidenciais. Dentro de poucas semanas saberemos se, em tempos de crise, os cabo-verdianos acreditam mais no liberalismo do MpD ou no socialismo (e assistencialismo) do PAICV, de que Neves é o principal representante.
8. China: Se o ambiente interno continua agitado - como é diapasão em Bissau - na frente externa Umaru Sissoco Embaló navega em águas bem mais calmas. Desde o vizinho Senegal à Turquia. Mas ninguém tem avançado tão rapidamente como os chineses, que em poucas semanas lançaram a construção de um troço de 8 quilómetros de auto-estrada e agora passaram um cheque de mais de 7 milhões de dólares para financiar outros projetos (comprar "scanners" para as Alfândegas, segundo disse o ministro das Finanças...).
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