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Notas do Editor: Da Guerrilha Política na Frelimo à Guerrilha Armada em Cabo Delgado
Tantos factos inéditos se vivem hoje em Moçambique que quase podemos dizer que mais se passou nos últimos 3 anos do que nas 2 décadas desde o final da guerra civil.
Um país que era visto como exemplo de boa governação em África pela cooperação internacional, viu cortadas as ajudas de que que beneficiava. E, também por causa das "dívidas ocultas", encontra-se em incumprimento financeiro.
Um país que estava no fundo da lista dos países mais pobres do mundo, está a poucos anos de se tornar num produtor de gás natural de grande dimensão.
Um partido-Estado (Frelimo) em que as disputas resolvidas "dentro de portas", passou a ter debates violentos na praça pública, com duras acusações ao líder.
Em Cabo Delgado, onde os "mwanis" locais eram desde o tempo colonial reconhecidos pelo carácter pacífico, cresceu o radicalismo e a violência de inspiração "jihadista" (com bastante "mão externa", diga-se), exercida de forma brutal contra civis.
É sobre estas duas últimas tendências que nos debruçamos na última edição do Africa Monitor, no dia em que a Frelimo inicia um decisivo Comité Central que deverá consagrar Filipe Nyusi como o candidato do partido nas presidenciais de 2019.
Quanto à Frelimo, damos conta das intenções de Samora Machel Júnior ("Samito"), os apoios com que conta, e o impacto que terão na reunião do CC - e, para além desta, nas eleições decisivas deste ano que se aproximam a grande velocidade, assunto de que dedicamos algumas notas em Março.
Em relação à situação de Cabo Delgado, voltamos à questão da "mão externa" no conflito, com dados novos sobre uma tentativa de afiliação dos rebeldes ao ISIS, activo em diversos países africanos, e a outras redes terroristas internacionais. Aproximação essa em que poderá contar com intermediação do país do Médio Oriente que serviços de informações europeus acreditam estar a apoiar os rebeldes.
Ainda nesta edição do AM, novos dados sobre o apoio prestado pelo Departamento de Estado dos EUA a Angola, na tentativa de desbloquear os grandes investimentos e relações comerciais bilaterais, que tardam em chegar. Muito interessado nos mercados de Angola - e também de Moçambique - está o Reino de Marrocos, e temos dados novos sobre as movimentações em curso.
Também nesta edição, informações sobre o tráfico de narcóticos, ainda à solta em Bissau, depois da grande apreensão de Março.