Acesso Livre
Notas do Editor: "Vitória de Pirro" para a FRELIMO
Ganhou Filipe Nyusi, como esperado, as eleições de 15 de Outubro em Moçambique.
A FRELIMO fica com controlo absoluto do parlamento e dos Governos provinciais.
Nada muda, portanto.
Ou será que muda?
A manipulação de resultados eleitorais é uma antiga realidade em Moçambique, tal como na generalidade dos países africanos. Frequentemente, com a conivência de empresas estrangeiras. E de instituições cujas missões deveriam zelar pelo rigor no apuramento dos resultados - caso da União Africana.
Mas, mesmo para o padrão moçambicano, os contornos destas eleições elevam a manipulação a novos níveis. Para não estar a afogar o leitor em números, aqui fica um link para o site do Centro de Integridade Pública (CIP), que resume bem os factos que levam a que os resultados finais não sejam aceites pela oposição e pela maior parte das organizações da sociedade civil independentes.
Esta foi uma eleição debaixo de fogo - a norte, em Cabo Delgado; na província de Sofala, com a Junta Militar (ex-RENAMO) activa. E é uma eleição que mantém o país debaixo de fogo. Não apenas político, mas real.
No fundo, esta esmagadora vitória da FRELIMO (73% para Nyusi...) é uma "vitória de Pirro". O Rei Pirro do Epiro, recorde-se, venceu os romanos em duas batalhas, durante as chamadas "Guerras Pírricas" (279-180 A.C.), mas o seu exército sofreu perdas irreparáveis.
Mais do que a oposição, os derrotados nestas eleições são as instituições moçambicanas. E a confiança do cidadão nelas. Já para não dizer a dos parceiros internacionais.
É também para eleições que olhamos no caso de Angola, no último Africa Monitor. Mais concretamente, as autárquicas de 2020 - as primeiras a nível local a realizar no país. Eleições essas que se encaminham para um adiamento.
A UNITA vai igualmente a votos, merecendo um olhar aprofundado sobre os diferentes candidatos e as condições de cada um para sair vencedor. E para o impacto que tal vitória terá na situação política - e social - angolana.
Ainda no Africa Monitor, o culminar da atribulada estadia em São Tomé e Príncipe de um contingente de formadores militares ruandeses.
Finalmente, um olhar também para o Magrebe, e para o impacto das tensões China-Estados Unidos dentro da maior confederação empresarial do país.