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Notas do Editor: Fuga para a Frente em Cabo Delgado
Naquilo que é o tom e o grau das visitas de Estado, aquela que Filipe Nyusi efectuou a Portugal na primeira semana de Julho situou-se entre o ameno e caloroso, entre almoços, jantares, brindes e palavras amistosas de parte a parte.
Mas, estava o presidente moçambicano no segundo dia da sua visita a uma ensolarada capital portuguesa, quando chegou notícia de mais um ataque a Cabo Delgado: a 3 de Julho contra um aquartelamento militar no distrito de Nangade. Pior: o mesmo ataque viria a ser reclamado dois dias depois pelo Estado Islâmico (ISIS). Foi a segunda vez que o ISIS reivindicou ataques na região.
Há quem (ainda) dispute as ligações entre o radicalismo islâmico internacional e os rebeldes de Cabo Delgado, preferindo a tese das causas locais. Mas practicamente ninguém nega que o Governo moçambicano continua sem controlo da situação.
Em aparente negação, o Governo moçambicano afirma amiúde que as acções militares contra os rebeldes têm sido coroadas de sucesso. Uma verdadeira fuga para a frente. Ainda hoje, há informação sobre novos ataques.
No último Africa Monitor Intelligence, focamo-nos em toda esta situação, e também nas cambiantes do "modus operandi" dos rebeldes.
O descontrolo em Cabo Delgado vem complicar outras contas: as dos projectos de Gás Natural. E, para a participação do Estado nos mesmos (via Empresa Nacional de Hidrocarbonetos), a hora é mesmo de fazer contas.
Regressado de Portugal e de Itália, Nyusi terá outro assunto "quente" nas mãos: a extradição de Manuel Chang, depois de o novo ministro sul-africano da Justiça ter recusado enviar o ex-ministro para Moçambique, conforme o seu antecessor havia decidido. Isto na sequência de esforços de última hora dos EUA, envolvendo a sociedade civil moçambicana.
Também em Angola a luta anti-corrupção - ou a simulação desta... - continua na ordem do dia. Mas as prácticas de corrupção estão a ressurgir, conforme informações recolhidas.
Ainda em Angola, focamo-nos nas recentes alterações no capital social do Banco Económico e no que isso significa para a banca pública, cuja profunda crise se arrasta.
Também em Cabo Verde a banca continua a fazer ondas, desta vez com a falhada aquisição pelo empresário espanhol Enrique Bañuelos da Caixa Económica, o novo banco público. Explicamos o porquê do falhaço da operação.
Na Guiné-Bissau, a política continua a evoluir rapidamente. E a última cimeira da CEDEAO foi mesmo um momento de viragem.
No Africa Monitor Intelligence, atenção ainda para as perturbações sentidas dentro da OCDE a propósito de um estudo pedido (e pago) pelo Governo português. No Magrebe, focamo-nos na situação económica na Tunísia.