Acesso Livre
Notas do Editor: À espera de Trump
Será desta que Donald Trump vai receber João Lourenço?
A intervenção no debate anual da Assembleia Geral das das Nações Unidas será o ponto central da visita prestes a iniciar aos Estados Unidos (Nova Iorque e Washington) pelo presidente angolano. Mas uma visita à Casa Branca é há muito objectivo do "staff" de Lourenço e do seu "lobby" (o formal e o informal...) em Washington. Até agora, sem correspondência concreta da parte da administração Trump.
Independentemente do (des)interesse de Trump e seus principais conselheiros por Angola (e África...), os Estados Unidos têm acompanhado de perto o início do mandato de João Lourenço, prestando apoio público a múltiplas iniciativas. Dúvidas iniciais quanto à estabilidade do país têm vindo a desvanecer-se. E, conforme relatamos no último Africa Monitor Intelligence, a instabilidade noutros países da região - nomeadamente a África do Sul - cada vez mais aguça o interesse do Departamento de Estado e do Departamento de Defesa, e o empenho para que a transição seja um sucesso. E Lourenço tem condições para se impor como uma referência para a estabilização e boa governação na região.
Mais difícil tem sido convencer os empresários norte-americanos a investir. E os sinais de crise económica avomulam-se. O desespero dos jovens angolanos à procura de emprego foi exposto à luz do dia, na mesma altura em que o Instituto Nacional de Estatística publicava as suas primeiras estatísticas completas sobre emprego. O retalho é um dos sectores onde a crise se tornou mais evidente. E as dificuldades na Sonangol já se fazem sentir até em São Tomé e Príncipe.
Com o processo eleitoral em curso - e com tragédia e violência à mistura - olhamos para o interior da dividida RENAMO de Ossufo Momade, que tem condições para alcançar um resultado histórico, dada a impopularidade da FRELIMO devido às "dívidas ocultas" e outros casos de corrupção, no mas que tarda em conseguir afirmar-se. Uma RENAMO que mais uma vez deixou-se ultrapassar-se na montagem das eleições, favorecedora do partido no poder.
Também a Guiné-Bissau se prepara para eleições - presidenciais - e também aqui a tensão é elevada. Apesar de bem financiada, a campanha do actual PR, José Mário Vaz, carece de apoio político e coloca-se mesmo em causa a sua passagem à segunda volta, conforme relatamos no Africa Monitor Intelligence.
Ainda na última edição, atenção ao relançamento de obras públicas na Guiné Equatorial.
Importantes os desenvolvimentos também ao nível das negociações entre a União Europeia e África - que, conforme relatamos, já dão forma ao novo Acordo-Quadro Pós-Cotonou.