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Africa Monitor 1150 - Notas do Editor
Na edição de hoje (1150) do Africa Monitor Intelligence, o nosso destaque vai para a complexa situação de segurança em Cabo Delgado. Depois de em anteriores edições termos dado conta das movimentações de bastidores para vender ao Governo moçambicano um "pacote" de segurança privada para a região, hoje damos relevo a informações sobre as implicações do agravamento da segurança para o desenvolvimento da indústria de gás natural (GNL). Estando em cima da mesa o "pacote" de segurança apresentado por Erik Prince - o proscrito da "intelligence" norte-americana, hoje associado a empresas públicas chinesas na Frontier - as petrolíferas olham crescentemente para o Governo moçambicano como incapaz de providenciar as condições de segurança de que o desenvolvimento da indústria necessita. Expatriados e trabalhadores de ONG humanitárias começam a pensar em abandonar a região, alguns já se fazendo mesmo ao caminho. Caso tudo isto se venha a traduzir em atrasos no desenvolvimento do gás natural, é claro que poderão estar em causa não apenas as previsões de crescimento económico moçambicanas, mas também a própria reestruturação da dívida, ainda por concluir.
Em Angola, destacamos no AM 1150 os bastidores das negociações sobre a criação das novas autarquias no país. O governo de João Lourenço - e em particular o grupo parlamentar do MPLA - dão sinais de poder vir a acomodar algumas das pretensões da oposição e sociedade civil. Do lado dos opositores ao "gradualismo" na criação das autarquias - que teve na semana passada em Luanda como ilustre proponente estrangeiro o ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano - prevalece o cepticismo em relação às reais intenções do regime nesta aparente flexibilização.
Em Portugal, agitam-se os meios empresariais com o acesso a financiamento europeu para projectos em África. Com a Sofid (a entidade de financiamento de desenvolvimento detida por bancos públicos e privados portugueses) inoperacional - o conselho de administração esteve sem executivos até à semana passada, e continua incompleto - levantam-se agora críticas ao Governo pela concentração no Estado de recursos disponibilizados pela União Europeia, excluindo os privados. O ministro Augusto Santos Silva, e em particular a secretária de Estado Teresa Ribeiro, são os principais visados. No campo de candidaturas a projectos do BAD e Banco Mundial, também as coisas não correm bem, mesmo para algumas das maiores empresas.
Na edição de hoje, espaço ainda para a situação na Câmara Agrícola Lusófona - revelamos o nome do previsível sucessor de Jorge Santos, acusado de burla - para o novo gasoduto Marrocos-Nigéria e para as divisões - africanas e árabes - patentes na votação de Marrocos para receber o mundial de futebol FIFA 2026, insuficiente para bater a forte candidatura conjunta dos Estados Unidos, Canadá e México.
Boas leituras. Ler é saber.