Acesso Livre
Notas do Editor: Uma semana crítica para a Guiné-Bissau
A próxima semana será, seguramente, das mais importantes na história recente da Guiné-Bissau.
Estamos precisamente a 9 dias das eleições presidenciais e, até agora, falharam todas as tentativas de interromper o processo eleitoral, que conduzirá à eleição de um novo presidente.
A mais recente (e ousada) tentativa de travar o processo foi a inusitada demissão do Governo de Aristides Gomes, pelo PR José Mário Vaz, que seguramente implicaria um adiamento da votação.
Com dois Governos nomeados pelo presidente - um saído das eleições de Março, que recusava a demissão, e o outro agora nomeado (sustentado por uma suposta maioria parlamentar da oposição ao PAIGC - PRS, MADEM/G15 e APU-PDGB) -temeu-se o pior durante alguns dias. Mas a comunidade internacional foi rápida e peremptória na recusa da substituição do Governo. E a força miltiar da CEDEAO em Bissau - ECOMIB - assegurou a protecção dos membros do Governo demitidos por Vaz.
Numa demonstração do isolamento internacional a que Vaz está sujeito, a CEDEAO deu 48 horas ao "novo" Governo para se demitir. E este acatou quase de imediato o ultimato. Um dos membros do Governo demitiu-se antes mesmo do ultimato, seguramente por não antever qualquer desfecho positivo do processo.
Além de uma enorme rivalidade com Domingos Simões Pereira, o claro favorito à vitória nas presidenciais de 24 de Novembro, Vaz é um homem altamente inconstante, volúvel e persistente. Está a lutar pela sua sobrevivência política, tal como os seus aliados de conveniência - Braima Camará, Umaru Sissoco Embaló e Nuno Gomes Nabian. Logo, o risco é elevado até à conclusão do processo - mesmo depois da primeira volta, e provavelmente até à tomada de posse do novo presidente.
Conforme damos conta no Africa Monitor Intelligence, a pressão sobre as Forças Armadas, e em particular sobre o CEMFA, são enormes. Tanto que um reforço da ECOMIB foi rapidamente decidido.
Em Angola, com o processo de privatizações em fase de arranque, olhamos para os activos mais cobiçados, bem como para o seu valor potencial.
Na política angolana, o Congresso da UNITA será fortemente disputado. E resultará na eleição de um novo líder da oposição, para substituir Isaías Samakuva. Algo que o MPLA segue de perto, dado o potencial para o mesmo capitalizar com o descontentamento da população, resultante da crise.
Em Moçambique, as relações com a Rússia estão em crescendo, na Defesa e também na Energia.
Apesar da vitória esmagadora da FRELIMO (e da fraude que conduziu à mesma) serem um dado adquirido, a tensão pós-eleitoral no país (e dentro da RENAMO) tende a agravar-se.
Finalmente, "os avisos" dos Estados Unidos a São Tomé e Príncipe sobre a espionagem chinesa.