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Em Moçambique voltou-se a fazer política com armas – Fernando Lima
O clima de guerra voltou a Moçambique pois, afirma o destacado analista Fernando Lima, a Frelimo descurou o diálogo social e, pela exclusão, criou desalinhados. Hoje voltou a fazer-se política com armas, lamenta.
Numa entrevista ao semanário Dossier & Factos, em Maputo, o proprietário dos jornais Savana, Mediafax e Rádio Savana afirma que, no que diz respeito a relações do poder com a oposição, recentemente “esticou-se muito a corda”, e até se gerou a “percepção de que a utilização de armas traz dividendos políticos”.
“Isso nunca deveria ter acontecido, mas aconteceu e está na mente de todos que através das armas podemos chegar a obter determinados benefícios e conquistas que por outras vias não conseguimos”, afirmou.
Os confrontos em torno das divergências entre a Renamo e a Frelimo (no poder) têm vindo a agravar-se à medida que as facções vão adiando o diálogo. A estabilidade no país está assim em causa quando o país já se prepara para as eleições presidenciais a 15 de Outubro.
Lima qualifica as atuais tensões de “guerra”, e diz que a causa não é apenas a falta de diálogo com a Renamo, mas sim “entre os moçambicanos”. Ao nível da Frelimo, achou-se que quem ganha eleições “tem direito de fazer tudo”, o que levou a um “nível de exclusão muito grande” e “uma grande pressão, que se assemelha a uma tortura psicológica”, para que as pessoas adiram à Frelimo.
A base da tensão “é o massivo movimento de exclusão social no país”, afirma Fernando Lima.
Em jeito de balanço ao mandato de Armando Guebuza, o analista valoriza o trabalho ao nível económico, mas ressalva que “os medíocres e incompetentes se sentem muito confortáveis à volta” do presidente.