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CPLP instala-se na Guiné Equatorial
Três meses depois da muito ruidosa adesão da Guiné Equatorial à CPLP, a começam a estabelecer-se os laços entre a organização e o novo membro. Os negócios parecem tomar a dianteira, com a Confederação Empresarial (CE) da CPLP a instalar uma delegação em Malabo.
À frente da delegação, relata o Africa Monitor Intelligence, foi colocado Gregorio Camo, presidente da Câmara de Comércio, Agricultura e Florestas da ilha de Bioko. A Confederação, presidida por Salimo Abdula, tem-se revelado uma das estruturas mais dinâmicas da CPLP.
No mês passado, uma delegação da Confederação esteve em Malabo para encontros oficiais. Na agenda estava ainda a aprovação do programa geral dos diversos eventos da CE-CPLP, a realizar na capital equato-guineense em Março de 2015.
Salimo Abdula, destacado empresário moçambicano, manteve-se na presidência da CE-CPLP por vontade expressa de Timor-Leste, segundo o Africa Monitor Intelligence. Ao assumir a presidência da organização, Díli poderia substituí-lo, mas acabou por propor a continuação.
O secretário-executivo da CPLP, afirmou recentemente, numa cautelosa entrevista à Lusa, que o regime de Teodoro Obiang tem vindo a aproximar-se dos padrões da organização. Murade Murargy salientou avanços como a legalização dos partidos e a realização de um diálogo com todas as forças políticas.
Na cimeira, foi realçada a ideia de que a Guiné Equatorial "é membro" da CPLP, mas "não está totalmente integrada", disse.
Adesão polémica
A adesão da Guiné Equatorial à CPLP, em julho, foi objeto de intensa polémica em Portugal, que foi o último bastião entre os países-membros na resistência à entrada.
Numa posição de isolamento dentro da organização, parece ter levantado os obstáculos que punha, com a adoção de uma moratória à pena de morte no país e o compromisso de difundir o ensino da língua portuguesa, que apenas tem uma presença histórica e residual.
Para Malabo, a adesão é vista como uma forma de sair de algum isolamento a que o país tem sido votado internacionalmente. É o único país de língua oficial espanhola em África, mas também pertence à Francofonia.
Várias ONG em Portugal têm-se movimentado contra a adesão, mais recentemente a Transparência e Integridade. Esta veio tomar posição pública acusando a CPLP de estar a “ceder a interesses” que não especifica.