Africa Monitor

Acesso Livre

Paulo Guilherme

Cabo Verde quer mais dinheiro para autorizar barcos de pesca europeu nas suas águas

Cabo Verde quer mais dinheiro para autorizar barcos de pesca europeu nas suas águas

A negociação do novo acordo de pescas entre a União Europeia e Cabo Verde esteve quase fechada. À última hora, as autoridades cabo-verdianas exigiram mais dinheiro. Perante o prolongar das negociações, Espanha já procura alternativas para os seus barcos de pesca.

Iniciadas no final de 2013, as negociações repartiram-se por 3 rondas, a última das quais em abril, segundo o governo espanhol. “No último momento, Cabo Verde exigiu um aumento na contribuição financeira, que a União Europeia não aceitou”, refere fonte ministerial.

Os contactos prosseguiram, mas, com o prolongar das negociações, e dado que o acordo atual expira a 31 de agosto e o novo ainda terá de ser ratificado, parece inevitável que a pesca em águas cabo-verdianas seja suspensa nas próximas semanas. O ministério das Pescas e Agricultura espanhol procura já alternativas, olhando no Oceano Índico.

O atual acordo, em vigor desde 2011, dava acesso às águas cabo-verdianas a 66 barcos europeus, grande parte deles de origem espanhola, mas também francesa e portuguesa.
 

Novas exigências

O acordo de pescas assinado em 2011 entre as duas partes prevê uma contrapartida europeia a Cabo Verde de 1,3 milhões de euros, o que corresponde a 435 mil euros anuais, mais 50 mil euros do que no protocolo anterior, de 2006. A captura de referência permaneceu em 5.000 toneladas/ano de atum.

No início do processo negocial, o governo de Cabo Verde apresentou novas exigências, como medidas para o desenvolvimento do setor transformador do pescado em Cabo Verde, aumentando o transbordo de pescado e assim criando mais empregos, a par de um controlo mais rigoroso dos nossos recursos marinhos.

Segundo Bruxelas, o valor acrescentado criado por este acordo é de 3,4 milhões de euros, 71% deles cabendo à UE, 17% a Cabo Verde e 13% a outros países oeste-africanos, sobretudo devido aos desembarques, transportes e abastecimentos nos portos de Dacar (Senegal) e de Abidjan (Costa do Marfim).