Africa Monitor

Acesso Livre

Paulo Guilherme

A Semana em Palavras 3

A Semana em Palavras 3


1. Alarme: Na Presidência e no MPLA com a possível junção de forças da oposição - UNITA, CASA-CE e PRS - nas próximas eleições, como damos conta no AM Intelligence desta semana. Mas será a oposição ao partido-Estado capaz de resistir à "máquina trituradora" em que a informação (e contra-informação...) do Estado transformou o espaço público angolano? E também de ultrapassar antigas desconfianças mútuas? Para já, certo é o retrocesso democrático. Por exprimir uma opinião crítica, Marcolino Moco já pagou com o seu posto na administração da Sonangol. Mensagem interna: desalinhados serão punidos. Faz lembrar o regime que Lourenço prometeu substituir - enquanto Santos usava "luvas de pelica", Lourenço dá murros na mesa. O apaziguamento Lourencista foi de curta dura. E o "Verão" promete ser quente.

2. Fome: No interior da província angolana da Huíla, com registo de mortes. Os "gritos para ajuda do Governo parecem não surtir efeitos", como refere reportagem da VOA (AQUI). A situação arrasta-se, o sofrimento das pessoas agrava-se, as soluções tardam.

3. Partida: Demasiado cedo de um democrata, um homem de coragem serena e visão de futuro, Davis Simango, que tive o privilégio de conhecer. Conseguirá o MDM sobreviver? Sem dúvida, uma perda irreparável para Moçambique. Agora que se cheguem à frente os jovens lideres "continuadores" do seu bom exemplo.

4. Racismo: Contra Hélder Martins - moçambicano branco, mas sobretudo um dos bons cientistas que o país tem - por indivíduos próximos da FRELIMO. Na política, cada vez mais, vale tudo. Felizmente, nem todos cruzam os braços. A ler esta carta da Rede Moçambicana de Defensores dos Direitos Humanos, assinada por Adriano Nuvunga (AQUI).

5. Jogo: De Celso Correia e Filipe Nyusi na rota para o Congresso da FRELIMO. Sendo difícil que seja escolhido sucessor, por razões que damos conta no AM Intelligence desta semana, Celso poderá tornar-se numa peça chave na sucessão do actual presidente. E depois, como diz um bom amigo, "em África, tudo é possível". Para o bem e para o mal.

6. Perigo: Na Guiné-Bissau, com as tensões políticas no seio da coligação a alastrarem aos quartéis. Como contamos no AM Intelligence desta semana, Sissoco teve de pedir ajuda aos seus vizinhos, perante o subir da tensão. Sem a força dissuasora da ECOMIB, o regresso ao triste passado dos golpes nos quartéis passou a ser menos improvável.

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