Acesso Livre
Notas do Editor: O "motor" da economia angolana a perder "cavalos"
1,6 milhões, 1,5 milhões, 1,4 milhões.
Respectivamente, foi esta a produção petrolífera angolana (milhões de barris/ dia) em 2017, 2018 e 2019 (Abril).
A tendência de declínio acentuado é evidente e preocupante. Já o era quando João Lourenço chegou ao poder. Até porque o crescimento económico e a entrada de divisas dependem inteiramente das vendas de petróleo ao exterior. É ainda o "motor" da economia e tem estado a perder "cavalos". Tanto que as previsões de referência para o PIB angolano começam a alinhar-se no sentido de uma nova recessão em 2019. Segundo a Economist Intelligence Unit, a quebra prolongar-se-á no próximo ano também.
Daí a reforma do sector petrolífero ter sido tratada com máxima prioridade. Mas cedo começaram a emergir divergências entre os responsáveis pela reforma - Carlos Saturnino, na Sonangol, e Diamantino de Azevedo, no Governo (e mais próximo do Presidente). Estas culminaram na recente saída de Saturnino da Sonangol, a pretexto de uma inusitada crise de abastecimento de combustíveis.
A escolha do sucessor de Saturnino - Sebastião Pai Querido Martins - não é auspiciosa. Aliás, gerou, segundo apuramos, uma onda de desalento entre os mais reformistas do sector petrolífero. Dificilmente seria possível escolher alguém que melhor representasse o "statu quo" na Sonangol, de controlo dos negócios da petrolífera pela elite político-empresarial.
Para inverter a tendência de declínio da produção petrolífera, serão essenciais os novos leilões de blocos a lançar a partir deste ano. Apesar de nova legislação mais atractiva para os investidores, contudo, as condições do mercado petrolífero (preços abaixo dos 70 dólares, novamente...) e alguma perda de confiança em relação a Angola levam a que as grandes petrolíferas internacionais estejam a olhar com pouco interesse para a os activos a licitar, segundo contamos no nosso especial desta semana sobre o processo.
Da edição do Africa Monitor, também o estranho caso da recuperação de um "lóbista" da era de José Eduardo dos Santos, pela Presidência de João Lourenço.
É ainda de petróleo que falamos no AM desta semana relativamente a São Tomé e Príncipe. Mas aqui, principalmente graças ao gás natural, as perspectivas começam a tornar-se animadoras.
Também em Moçambique, a economia está em travagem, devido aos recentes desastres naturais, mas também por causa da perda de confiança dos doadores e investidores.
As condições de segurança para os investidores e expatriados continuam a declinar, e esta semana mais um português foi encontrado morto, com sinais de violência. Ciente do potencial destes casos - o de Américo Sebastião continua por resolver... - para minar a confiança de investidores e sectores como o Turismo, as autoridades moçambicanas foram lestas a "descobrir" uma outra causa de morte, relacionada com "doença pulmonar". Mas os dados apontam noutro sentido. Aliás, tudo aconteceu numa semana em que a polícia admitiu finalmente, o envolvimento de seus agentes nestes crimes.