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Notas do Editor: Os diferentes destinos de José Eduardo dos Santos e de Teodoro Obiang
Teodoro Obiang e José Eduardo dos Santos chegaram ao poder no mesmo ano: 1979. Há 40 anos, portanto.
Em finais de 2016, dos Santos iniciou o processo da sua sucessão, indicando João Lourenço, hoje presidente de Angola (e pesadelo da família dos Santos e seus aliados políticos...), abrindo caminho a reformas políticas e económicas de que o seu país há muito carecia.
Obiang, esse, continua impávido e sereno. Mesmo perante o crescendo de rumores sobre a sua sucessão. Ou até talvez por causa das dificuldades que apresentam os dois principais cenários: sucessão "dinástica" pelo seu filho "Teodorin", que nada faria para melhorar a imagem do regime Obiang no exterior, ou sucessão "à angolana", com o risco acrescido de o sucessor ser um "Lourenço" e vir a criar problemas à família no futuro.
Na entrevista que o Africa Monitor fez a Teodoro Obiang em Malabo, no final de Março, guardamos a pergunta sobre a sucessão para o final. E o homem que há 40 anos comanda os destinos da Guiné Equatorial - e há 5 enfrenta uma fortíssima recessão económica - não hesitou em dizer que se sente "com forças para continuar" como presidente.
Pode ler íntegra da entrevista a Obiang, a primeira a um órgão de comunicação social português, aqui.
No Africa Monitor Intelligence desta semana, a situação na Guiné Equatorial também merece destaque, com particular enfoque para as relações do regime com petrolíferas estrangeiras (e a ambição de vir a ter portuguesas - ie, a Galp Energia) a operar no país.
De Moçambique, dados novos sobre os prazos em cima da mesa para a conclusão dos projectos de gás natural em Cabo Delgado, afectados pela insegurança na região. E também documentos na nossa posse que demonstram que a "guerrilha" na Frelimo, entre a "ala" de Armando Guebuza e apoiantes do presidente Filipe Nyusi, não pára de crescer - a apenas um mês do Comité Central (já adiado por causa do ciclone Idai...) em que será confirmado o candidato do partido às presidenciais de Outubro.
A situação na Unitel depois da AG do mês passado, e em particular as suas implicações para o controlo que Isabel dos Santos tem exercido na operadora, merece também destaque nesta edição do AM Intelligence.
Em São Tomé e Príncipe, a mudança de Governo nas últimas eleições trouxe um verdadeiro "reset" às relações com a China, e explicamos porquê.
Finalmente, focamo-nos ainda na disputa que a "eterna" questão do Sahara Ocidental está a gerar entre duas potências continentais, África do Sul e Marrocos, com um dos maiores negócios de 2018 a revelar-se se difícil "digestão" entre a elite política e empresarial marroquina.