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“Que todos os moçambicanos tenham uma voz”, defende embaixador dos EUA

 “Que todos os moçambicanos tenham uma voz”, defende embaixador dos EUA


Na hora da despedida, o embaixador norte-americano em Maputo não se escudou em palavras de circunstância. Douglas Griffiths enviou uma nota de imprensa às principais redações, com um conjunto de conselhos. Em ambiente de tensão entre Frelimo e Renamo, avisa que “a democracia é difícil”, mas que é preciso que “todos os moçambicanos tenham uma voz”.

Na nota, o diplomata alerta para a incerteza económica e os desafios políticos. Mas sublinha que a “condicionar o futuro” está acima de tudo a “inclusão de todo os elementos da sociedade na procura de soluções”, bem como “a abertura perante a próxima geração”.

“Que todos os moçambicanos tenham uma voz no futuro do país. A democracia é difícil, mas tanto na economia como na política, a competição gera melhores resultados”, afirma Griffiths. No plano económico, recomenda que se evitem “barreiras erguidas por regulamentos complicados, excessivos e onerosos”.

A oposição moçambicana, em particular a Renamo, tem vindo a queixar-se de ser excluída politicamente pela Frelimo. Reivindica, em particular, maior poder nas províncias onde foi a força política mais votada. A crise político-militar em Moçambique tem tido reflexos nefastos no estado da economia.

De acordo com o Africa Monitor Intelligence, a dificuldade em encontrar uma solução tem sido em larga medida atribuída a correntes internas da Frelimo, identificadas como adversas a cedências à Renamo. Algumas inclinam-se mesmo pelo recurso à força para “vergar” a Renamo, de acordo com a mesma fonte.

Em dezembro, a Frelimo rejeitou, de forma considerada liminar, uma proposta de revisão pontual da constituição, que no essencial visava permitir que a principal autoridade administrativa das províncias fosse escolhida pelo partido mais votado nas mesmas, em eleições nacionais, como pretendia a Renamo.

A rejeição foi interpretada como uma demonstração de falta de força das correntes moderadas da Frelimo. Espera-se agora que a Renamo e a Afonso Dhlakama façam uso deste novo argumento de que só pela via da coacção conseguirão levar a Frelimo a contemporizar com as suas aspirações.

Uma revisão do sistema político moçambicano tem vindo a ganhar adeptos entre a sociedade civil (continuar a ler).